segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A estranha epidemia de dança

Isso mesmo, por mais estranho que possa parecer, trata-se de uma epidemia de dança.
A histeria coletiva levou diversas pessoas a dançarem sem descanso por dias, até que todas caíssem mortas no chão.


A dança para a morte foi uma epidemia que acometeu parte da cidade de Estrasburgo, na Alsácia (então pertencente ao Sacro Império Romano), em 1518. Estranhamente uma mulher, Frau Troffea, em meados de julho, apareceu dançando em uma rua da cidade e assim permaneceu entre 4 e 6 dias sem parar, até que caiu morta no chão. Enquanto dançava loucamente para a morte, cerca de 30 pessoas se juntaram a ela.
Apesar de parecer lenda, de fato a dança para a morte ocorreu, pois diversos documentos foram redigidos pelas autoridades locais, Igrejas e médicos. A histeria durou mais de um mês, juntando ao final, 400 pessoas que dançaram até caírem mortas. Segundo os médicos da época, o problema estava relacionado ao “sangue quente”, cuja cura seria pela sangria. Contudo, ao invés das autoridades locais receitarem a sangria, prescreveram que os dançarinos dançassem ainda mais para se curarem.
Dessa forma, músicos foram contratados para ficarem tocando ao lado dos histéricos, palcos improvisados foram construídos e dançarinos especializados foram acionados para que auxiliassem as pessoas acometidas pela epidemia. Ainda que pareça altamente estranho e um evento isolado, o caso não fora o primeiro, tendo ocorrido a primeira epidemia de dança no século XII. Por muito tempo algumas hipóteses foram levantadas, entretanto, logo deixadas de lado.
 Entre tais hipóteses estava o possível consumo de um musgo altamente alucinógeno que cresce no centeio. Porém, se a explicação passasse pelo musgo consumido, o estado de alucinação não teria durado tantos dias, segundo a explicação dos especialista. Outra hipótese para a causa da epidemia teria sido a de que os dançarinos eram, na verdade, seguidores de uma seita herética. Contudo, novamente a explicação caiu por terra quando os documentos da época foram analisados e deixavam claro que os histéricos estavam claramente perturbados e pediam ajuda.
Durante centenas de anos não havia respostas para o estranho caso de histeria coletiva de dança, até que um historiador, John Waller da Universidade de Michigan, finalmente descobriu a ligação entre as epidemias que tinham acontecido ao longo da História e o possível motivo para terem se iniciado. Segundo Waller, as danças para a morte sempre ocorriam após grandes provações, desastres naturais, pestes etc. Ou seja, as pessoas que começavam a dançar possivelmente estavam psicologicamente afetadas.
No caso da epidemia de 1518, varíola, sífilis, lepra e até mesmo uma nova doença conhecida como “o suor Inglês” tinham varrido a região. Além dessa explicação plausível, pelo campo do misticismo havia uma antiga lenda cristã de que, caso alguém provocasse a ira de São Vito, um siciliano martirizado em 303 d.C., ele jogaria pragas para que as pessoas dançassem compulsivamente até a morte.
Unindo-se o estresse das pessoas, causado pelas doenças que a região vinha passando, com a crença nessa lenda cristã, o historiador chegou à conclusão de que houve uma histeria em massa, um distúrbio psicológico coletivo, levando todos a dançarem até a morte. Historiadores acreditam ainda que a epidemia bizarra nunca mais tenha acontecido, pois durante a Reforma Protestante de Lutero, iniciada em 1517, a lenda antiga de São Vito desapareceu e, assim, as pessoas, mesmo afetadas psicologicamente, nunca mais entraram em um estado de transe parecido.
FONTE: museudeimagens

Nenhum comentário:

Postar um comentário