sexta-feira, 11 de maio de 2018

O Túmulo que "chora"


A matéria abaixo foi publicada pela Rede Globo em 13 de setembro de 2013.

No cemitério de Sarapuí (SP), o túmulo onde está enterrado um antigo benzedor da cidade é atração. Isso porque a sepultura verte água e o líquido de origem misteriosa atrai pessoas de toda a região.
O fenômeno já ocorre há mais de sete anos na sepultura. O local foi apelidado pelos visitantes de ‘túmulo que chora’.
O cemitério tem aproximadamente três mil jazigos e é o único da cidade. No local estão enterradas personalidades que fizeram história e contribuíram para o desenvolvimento da cidade. O benzedor Pedro Manoel dos Santos, que morreu em 2000, é uma dessas personalidades e os restos mortais ocupam o famoso túmulo.
Segundo o fiscal do cemitério, Ezequias Martins, após cinco anos do falecimento de Santos, ou seja, em 2005, o túmulo começou a verter a água misteriosamente. Para verificar o que estava acontecendo, o túmulo foi aberto e, segundo testemunhas, foram retirados quase 100 litros de água. O túmulo ficou aberto durante 12 dias até toda água secar. Depois de alguns dias ele foi fechado novamente e a água voltou a aparecer.
A Companhia de Saneamento Básico que atende a cidade, a Sabesp, esteve no local para verificar se havia alguma fonte de água ou encanamento, mas nada foi constatado. Para a água não acumular no interior da sepultura, foi aberto um pequeno furo para escoamento.
De acordo com os visitantes do túmulo, Pedro Santos era um homem bom e prestativo. Para fazer o benzimento dos devotos, usava somente água. A partir do início do vazamento na sepultura, muitas pessoas começaram a visitar o local levando flores, acendendo velas e fazendo pedidos em um ato de fé. Os visitantes acreditam que a água que escorre do túmulo é uma água que cura e um sinal referente ao benzedor.
Dificilmente é possível ver a água escorrendo pelo furo do túmulo. Para retirar a água é necessário utilizar uma mangueira que é colocada no orifício. De acordo com o fiscal Martins, a visitação está cada vez mais frequente, por isso, a água não se acúmula ao ponto de vazar pelo buraco.
O G1 esteve por três vezes no local para tentar flagrar o escoamento de água sem a intervenção da mangueira. Nesta quinta-feira (12), foi possível observar umidade em um espaço ao lado do furo Já com a mangueira, o fiscal conseguiu sugar uma pequena quantidade de água que foi colocada em um copo. “As pessoas acreditam que a água cura as enfermidades. Alguns passam esta água no local do corpo onde há alguma enfermidade e que querem que seja curada. Outras pessoas até bebem a água”, diz.
Ainda segundo Martins, ele começou a fazer uma lista dos visitantes em um livro. O fiscal afirma que já registrou a presença de pessoas de diversas cidades, entre elas, Itapetininga  (SP), São Paulo (SP), São Caetano do Sul (SP), Salto de Pirapora (SP), Embu das Artes (SP), Alambari (SP), Pilar do Sul (SP), Votorantim (SP), Tatuí (SP), Sorocaba (SP), São Bernardo do Campo (SP), Araçoiaba da Serra (SP) e Maringá (PR).
O aposentado José Teixeira, morador de Alambari, resolveu ir até o município vizinho para conhecer a sepultura. Ele ficou impressionado. “Para acreditar que isso realmente acontecia, tive que vir até Sarapuí para conhecer o túmulo”, comenta.

Para a dona de casa Benedita Aparecida Costa, a água faz milagre. Ela sempre visita o túmulo e pede a cura para uma enfermidade nos olhos.

Mas nem todos acreditam que o fenômeno exista. Para a moradora Terezinha do Carmo Santos, isso pode ser um vazamento e que ainda não encontraram o problema. “A cura da água está no psicológico das pessoas e isso leva acreditar que a água traz algum benefício. Isso não passa de uma coincidência”, diz.

Segundo o pároco da cidade, o padre André Luiz Garcia, a água que verte é um mistério, mas fisicamente ele acredita que o fenômeno pode ser uma transpiração do túmulo que varia de acordo com o clima.

Ainda segundo Garcia, a visita diária no túmulo depende da fé de cada um “Não é a água que cura, mas sim a fé que a pessoa deposita naquela água, acreditando que ela pode ser curada da enfermidade”, comenta.

A equipe da Vigilância Sanitária esteve reunida com profissionais e responsáveis pela saúde pública. Uma amostra da água será levada para o Instituto Adolfo Lutz, em Sorocaba (SP), para análise.  O local será interditado até que seja conhecida a origem. A Vigilância Sanitária alerta que as pessoas não devem consumir a água, pois o solo do cemitério é um ambiente de possível contaminação.

A família do benzedor Pedro Manoel dos Santos não quis se manifestar sobre o assunto.


FONTE:globo.com


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