Estando em São Paulo, capital, Wellington Zangari ouviu pelo rádio notícias a respeito de “fogos espontâneos misteriosos” que estariam ocorrendo em uma cidade interiorana do Estado. Relatou a notícia a Fátima Regina Machado e ambos decidiram ir até o local e verificar se seria possível realizar uma investigação sobre os ditos “fogos misteriosos”. Não foi difícil encontrar o local das ocorrências, pois toda a cidade sabia do episódio e o lugar já se tornara uma espécie de “atração turística”. O padre local ajudou os investigadores a entrarem em contato com a família que habitava a casa onde os fogos surgiam. Uma primeira entrevista foi agendada para aquele mesmo dia. A família, composta por marido, esposa e dois filhos, uma criança com cerca de seis meses de idade e a outra com cerca de uma ano e meio de idade. Nesse primeiro contato, os pesquisadores se apresentaram, falaram de seu trabalho e, basicamente, colheram dados sobre as ocorrências.
O marido estava muito preocupado. Ganhava pouco, a casa era simples, não tinham muita coisa e aqueles pequenos incêndios estavam destruindo o pouco que tinham, como roupas, panos de prato, cortinas, móveis, revistas e papel higiênico. A esposa era quem estava sempre presente e geralmente identificava os focos de incêndio. As crianças eram muito pequenas e não entendiam o que acontecia. A esposa supunha que aquele fogo, assim como a queda de certas pedras que, segundo ela, foram atiradas “misteriosamente” em seu quintal, e o sumiço de dinheiro seriam fruto da ação de espíritos ou entidades que estariam habitando o local. O marido não sabia como explicar aqueles fatos. O padre tentava tranqüilizá-los e confortá-los através da ajuda espiritual. Nesse primeiro encontro, esses foram os dados levantados. Os pesquisadores passaram dois dias na cidade. Deixaram seu telefone para contato, pedindo para serem informados se as ocorrências se repetissem. Então, retornaram à capital.
Cerca de três dias depois, a "esposa" telefonou aos pesquisadores pedindo socorro, pois os incêndios tinham-se intensificado. Machado e Zangari, acompanhados do Dr. Paulo Urban, médico psiquiatra e, na ocasião, membro do antigo Eclipsy (hoje, Inter Psi) dirigiram-se novamente ao local das ocorrências, onde permaneceram por três dias. Fizeram um levantamento da história de vida do casal envolvido nas ocorrências, ouviram a versão de vizinhos e presenciaram muitos incêndios supostamente espontâneos, sempre detectados pela "esposa". De acordo com tudo o que foi observado, somando-se o testemunho de vizinhos e as características dos depoimentos dados pelo casal, os pesquisadores desconfiaram tratar-se de uma fraude.
Assim, deixaram uma câmera de vídeo ligada registrando todos os movimentos de um determinado local sem que o casal soubesse, enquanto estavam lá aguardando que novos incêndios ocorressem. Efetivamente esses incêndios ocorreram e flagrou-se a fraude, que está registrada. A "esposa", diante da filmagem, confirmou sigilosamente em um depoimento gravado que estava descontente com seu casamento e estava disposta a acabar com tudo. O padre que acompanhava o caso teve uma longa conversa com ela e dissuadiu-a a continuar utilizando desses artifícios para resolver seus problemas, caso contrário, teria que entregar o caso à polícia, pois ela estava colocando em risco a vida de sua família. Os pesquisadores sugeriram um acompanhamento e uma terapia psicológica para a mulher. Decidiu-se omitir do "marido" a constatação da fraude e sua autoria, pois caso ele tivesse acesso a essa informação, as conseqüências poderiam ser trágicas. Segundo informações fornecidas pelo padre tempos depois, não houve mais ocorrências de “fogos misteriosos” naquela casa.
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