Machado e Zangari receberam um chamado de uma jovem mulher (JM) que vivia na Zona Sul da capital paulista. Ela descreveu brevemente eventos que lhe pareciam estranhos e aconteciam com certa freqüência em sua residência há algum tempo. Tratava-se principalmente da quebra de copos e pratos de vidro, do aparecimento e desaparecimento de objetos e da ligação espontânea do rádio-relógio e do aparelho de som. Uma primeira visita foi agendada. Nessa visita, os pesquisadores apresentaram sua forma de trabalho, garantiram o sigilo quanto à identidade das pessoas envolvidas no caso através da assinatura em duas vias de um termo de compromisso, colheram depoimentos sobre as ocorrências e agendaram um novo encontro para dali a dois dias. Na residência, um apartamento de dois quartos, sala, cozinha banheiro e área de serviço, vivia um casal sem filhos: JM, a esposa com 36 anos de idade, e LK, o marido com 53 anos de idade. As ocorrências começaram com fortes estalidos que o casal ouvia, vindos da cozinha enquanto ambos assistiam à TV.
Na cozinha, aparentemente nada de estranho havia ocorrido, mas depois verificaram que o copo usado por LK para tomar sua habitual dose de uísque antes do jantar estava em pé em cima da pia, mas quando tocado, partia-se. O fundo saia, como se tivesse sido cortado com diamante. Isto aconteceu por várias vezes, sempre com o copo utilizado por LK. Por duas vezes, em madrugadas de terça para quarta-feira, às três horas da manhã, o casal foi acordado na primeira vez pelo rádio-relógio do quarto que ligou-se sozinho e, na segunda vez, pelo aparelho de som da sala - “xodó” de LK - que ligou-se sozinho no último volume. Vale dizer que o rádio relógio fica no criado mudo do lado em que LK dorme. Uma fronha amarela, com velcro, típica de travesseiro de criança apareceu, segundo o casal, misteriosamente no quarto deles. Um conjunto de vasos de violetas preso a um suporte único que ficava no banheiro desprendeu-se misteriosamente, sem romper as correntes e sem danificar o suporte preso à parede, indo espatifar-se no chão.
Nenhuma janela estava, então aberta; não havia correntes de ar. Um prato, utilizado por LK para jantar e depositado sobre a pia, foi encontrado no dia seguinte: parte em cacos dentro da pia, limitando-se a um dos lados da cuba, e outra parte, meia borda, no chão, virada para baixo, como que cortada com um diamante. Foram realizadas, ao todo, três visitas de cerca de três horas ao local. Essas visitas ocorreram em um intervalo de vinte dias. Desde que os pesquisadores começaram a lidar com o caso, nenhum dos eventos descritos ou qualquer outro do mesmo tipo voltou a acontecer. Depois de longas conversas com o casal acerca de seu relacionamento e de seus hábitos de vida - detalhes que não cabe aqui colocar, não só pelo limite de espaço, mas também pelo sigilo assumido - concluiu-se que JM desejava ardentemente ter um filho e LK, que a princípio resistia a essa idéia, depois passou a não dar importância a ela.
O casal confessou que discutia freqüentemente sobre o assunto e JM colocava no marido a culpa por não conseguir engravidar. Ela, que tentava engravidar há meses e não conseguia, fez uma série de exames e constatou ter perfeitas condições físicas para ser mãe. Pediu ao marido para que fizesse exames para verificar se tinha algum problema. Ele recusava-se a fazê-los. Para JM, uma família só seria completa se composta por pai, mãe e filhos. Ela conserva o segundo quarto da casa decorado como um quarto infantil, cheio de brinquedos e bonecas. Demonstrou ter muito ciúme especialmente de uma boneca, não permitindo nem que a pesquisadora a tocasse. As ocorrências narradas pareciam todas traquinagens de criança. Aparentemente, JM estaria punindo LK por seu desinteresse em ter filhos, quebrando e bulindo com suas coisas. Quando deu-se conta disso, JM ficou estarrecida. Depois de uma breve terapia de casal, LK disse que faria os exames e ambos se comprometeram a realizar exames encefalográficos para serem arquivados junto com os dados colhidos. Foram aplicados testes psicológicos ao casal. Machado e Zangari ainda não receberam os EEGs prometidos. Até onde se tem notícia, os fenômenos cessaram.
FONTE: oarquivo.com.br
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